quinta-feira, 8 de novembro de 2012
A trajetória de um cangaceiro em cena
Trajetória de A Volta Seca se apresenta materialmente para a plateia, que é convidada a subir ao palco com o personagem. A prosa segue animada ao sabor das ventos da lembrança, por vezes mais carregadas em intensidade dramática, desvendando o cotidiano fantástico de uma vida de perseguições e fugas, às vezes cantando uma música sua, mas também falando de dores e sofrimentos.
A direção cuidou para que a atmosfera de cumplicidade estivesse sempre presente durante a montagem, na qual o personagem fala de sua história para convidados como se estivesse em seu próprio quintal. Mas como o quintal é o palco, ampliam-se as possibilidades para dar vida às suas memórias ricas em cinestesia. Assim, a distância entre um café servido na hora e a aridez do Raso da Catarina se dá no instante da lembrança, e também rapidamente o personagem revive sua história.
Até onde segue a lembrança e quando começa a fantasia? O quanto conseguimos enxergar sem emprestar ao mundo nossas próprias qualidades e emoções? Volta Seca aparece em cena no intermezzo entre o passado e o presente, entre fantasias e realidades, entre seu mundo e o nosso, e entre uma metade de plateia e outra. Dessa forma, se confundem os aspectos históricos da convivência do cangaceiro com Lampião e suas descrições fantasiosas das batalhas. Enquanto interpreta os diferentes personagens, mistura-se com eles , emprestando voz e corpo. O personagem passeia pelo palco, refazendo seu itinerário em um cenário que se assemelha a um pedaço de chão. De um lado algumas fileiras da plateia e do outro lado outra fileira, compondo assim, muito mais que uma unidade cenográfica.
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
domingo, 28 de outubro de 2012
sábado, 27 de outubro de 2012
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Cangaço em Salvador
No inicio do século XX não existia cangaço, nem tão pouco cangaceiro, no estado da Bahia, quem trouxe este movimento armado, que mudou a estória do Nordeste, foi o próprio rei do cangaço o Lampião. No sertão baiano reinou por dez anos. Neste período Zé Baiano, Labareda, Caatigeira, Antônio da Emgracia, Dada e Maria Bonita, á exemplo, eram baianos. Volta Seca embora fosse Sergipano entrou para o bando de Lampião em terras baianas.
Salvador localizada no litoral brasileiro, cercado pela mata atlântica, distante do sertão, também foi palco do cangaço. Seja pelas teses polemicas, da origem biológica dos cangaceiros defendida pelo Dr. Estácio de Lima. Pela brilhante defesa do advogado do povo, Cosme de Farias, livrando a Cangaceira Dadá da cadeia e por expor durante muitos anos às cabeças de Lampião, Maria Bonita, Corisco e mais nove cangaceiros no museu Nina Rodrigues.
È também nas terras soteropolitanas, no cemitério Baixa de Quintas que estão enterrados as cabeças dos cangaceiros: Zabelê, Maria de Dora (Mulher de Azulão), Canjica e Azulão.
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Volta Seca e os Capitães da Areia

Segundo Jorge Amado, foi nesta feira que conheceu o cangaceiro menino na companhia dos moleques de rua de Salvador denominados: Capitães da Areia, ricamente descrito no seu romance homônimo, escrito em 1932,onde aparece o personagem Volta Seca, matador de macaco, exímio imitador de passarinho e que sonha em ganhar o mato e encontrar o seu padrinho Virgulino.
O ex-cangaceiro, detestou ser chamado de Capitão da Areia, por anos guardou um exemplar do livro para fazer o grande escritor engolir página por página.
O Sentinela de Lampião
Foi em uma manhã de sol forte de 1928, quando o menino lavrador de pés no chão deu de cara com Corisco, em meio à plantação de feijão na roça onde trabalhava. O menino foi levado à presença de Lampião e entrou para o bando neste mesmo dia. Foi treinado desde o início para ser sentinela e assim, durante 2 anos, foi o sentinela numero 1 do cangaço.
Quando Maria Bonita deu à luz a sua filha Expedita, Volta Seca, com seu olhar de gavião, que tudo via, serviu como sentinela para ela ter a criança. Este fato está na peça O Cangaceiro Volta Seca. O vestido infantil na foto pertenceu à filha do casal de cangaceiro e faz parte do acervo do museu da cidade de Palmeiras dos Índios.
Irmã Dulce e os cangaceiros
A bem aventura Irmã Dulce, sempre esteve ao lado dos miseráveis, esquecidos e injustiçados da Bahia. Na sua juventude, por amor ao próximo, transformou um galinheiro em uma Hospital, que hoje é um complexo de saúde, que atende 2 mil pessoas dia, com 1600 leitos para internação, 100% SUS. É a ultima porta para os menos favorecidos do Brasil. A estória de Irmã Dulce é vasta e grandiosa. É uma grande brasileira, digna de todos os méritos. Antes de transformar a saúde pública no estado da Bahia, a jovem religiosa dedicava também os seus dias para levar a fé e esperança a pessoas e lugares marginalizados, como as Palafitas de Alagados e a Cadeia da Coreia , com era conhecido o presídio de Salvador, prisão de trabalhos forçados, onde os maiores criminosos eram levados, poucos resistiam e morriam ali mesmo. Raro era o civil que, em sã consciência, se aventurava a visitar aquela raça de gente. Irmã Dulce, na sua fé franciscana, uma vez por semana era vista por lá.
Volta Seca, um dos primeiros cangaceiros a ser preso, cumpriu pena nesta cadeia por 20 anos, talvez uns dos poucos brasileiros a ficar tanto tempo preso.
A chegada do jovem membro do bando de Lampião, causou enorme reboliço em Salvador. A cidade quase parou, a espera na estação de trem no bairro da Calçada, foi antecipada em Paripe, subúrbio ferroviário, distante da outra cerca de 60km, devido ao tumulto da população. Exibido como uma fera selvagem, um troféu de guerra, ficou isolado e incomunicável. Na primeira semana só falava com a imprensa amarrado e fortemente vigiado. A única pessoa que esteve frente à frente com o temido monstro, desprovida de medo, foi Irmã Dulce. A freira cantava muito bem e tocava acordeom como poucos, e foi com a música que ganhou a confiança e a simpatia do acuado guerrilheiro. Não o acusava de nada, não o interrogava e acima de tudo não tinha medo. Volta Seca era praticamente uma criança, tinha só 14 anos e sobre ele pesava as mortes, todas as invasões e todos os crimes de todos os cangaceiros. Por diversas vezes a religiosa esteve com o cangaceiro. Ele ouvia atentamente as palavras de conforto e fé, até se permitia a cantar com a religiosa. Por Volta Seca, Irmã Dulce, tinha muita afeição. Era um menino vítima do seu meio, que precisava de atenção e cuidados. Este encontro inusitado está no enredo da peça O Cangaceiro Volta Seca. Outros cangaceiros ouviram as palavras de candura de Irmã Dulce: Bananeira, Labareda, Deus-te-cuide, Saracura e Cacheado, presos com Volta Seca após a tocaia em Angicos, onde tombou morto o rei do cangaço.
segunda-feira, 30 de abril de 2012
sexta-feira, 6 de abril de 2012
O diretor
Fábio Nieto Lopez – Ator e diretor de teatro graduado pela Universidade Federal da Bahia (2007) é mestre e doutorando em Psicologia pela mesma instituição. Professor de psicologia da Faculdade São Bento da Bahia e da Escola Bahiana de Medicina.
Participou do festival Quatro Cravos Para Exú (2010), dirigindo Pensando Bem, de Bárbara Pessoa, e Alfazema e Suor, de Gildon Oliveira. Encenando a peça Avental Todo Sujo de Ovo, do dramaturgo Marcos Barbosa, representou a Bahia na mostra “fringe” do Festival de Curitiba (2008).
Dirigiu os espetáculos: Enfim (2009), A Cantora Careca (2006), Noite de Reis (2005), Sem Perder a Ternura (2005), Gestos de Jabuticabeira (2002), Ernesto (2002), Auto do Boi (2001), Sorriso Solo Fértil (2000), Multidões de Mim (1999), Navio Negreiro (1998). Premiado no festival Mapa Cultural Paulista, promovido pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, de melhor texto inédito por Sorriso Solo Fértil e Auto do Boi, e melhor iluminação por Multidões de Mim.
Atou nas peças A Cruz de Giz (2010), O Jardim Secreto (2006), Noite de Reis (2005), Rivail (2004), A Pena e a Lei (2003), Auto do Boi (2001), Zumbi (2000), Perdoa-me por te Traíres (1997), O Inspetor Geral (1996). Como Palhaço fez parte do elenco dos Terapeutas do Riso
(2004 – 2005).
O autor e o ator
Edmar Dias é autor, diretor e ator de teatro com registro profissional 1438-94, concluiu o curso livre de teatro da Universidade Federal da Bahia e por dois anos consecutivos participou, na mesma instituição, do Núcleo de Exercício para o Ator. Conhecedor das técnicas circenses, é palhaço experiente, com 15 anos de atuação. Edmar é, ainda, fundador, diretor artístico e ator dos Terapeutas do Riso, trupe de artistas profissionais que utiliza as artes cênicas como ferramenta no acolhimento e humanização hospitalar desde 1998.
Autor das peças É positivo; Óculos, eu não vivo sem você; Brincando no mundo da visão; O casamento matuto; Um auto de Natal; A santa do lajedo.
Diretor das montagens O rei dos reis; O consertador de brinquedos; Quadro de amor; O rico avarento; O boi e o burro no caminho de Belém; Natal na feira, Otimo, não é? e Tubo de Ensaio.
Atuou em: Um personagem se aproxima (Meran Vargens); O inspetor geral (Paulo Cunha); O tempo (Tom Carneiro); Dorotéia vai à guerra; Viva o Circo; Gargalhadas (direção coletiva).
O Texto
Construído a partir de fatos verídicos, o texto é baseado na vida de Volta Seca. Recrutado ainda criança por Corisco, o cangaceiro foi testemunha ocular do primeiro encontro de Virgulino Ferreira e Maria Bonita, do nascimento das crianças do cangaço e de batalhas históricas no sertão baiano, ricamente descrito no enredo da peça.
A narrativa percorre o campo das idéias e ações do bando, pincelando o discurso e a visão de mundo, expondo a hierarquia militarizada, passando pelo treinamento dos “cabras” até chegar às suas estratégias de combate. A cultura do cangaço tem cuidadoso tratamento na representação do repertório musical e também da culinária própria do bando.
Escrito em um ato para o teatro, o texto é documental e revela as perseguições das volantes, os momentos de descontração do bando e, de maneira particular, a própria saga da personagem. Um dos maiores fenômenos populares do Brasil, misto de banditismo e heroísmo no imaginário coletivo, o cangaço de Lampião desafiou as autoridades e sobreviveu por 20 anos às investidas das unidades volantes da polícia.
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O cangaceiro Volta Seca
O cangaceiro Volta Seca
Único “cabra” a desafiar o próprio chefe para uma briga, Volta Seca foi preso aos 14 anos. Julgado aos 16, foi condenado a 145 anos de cadeia. Na prisão conheceu Irmã Dulce e virou personagem de Jorge Amado no romance Capitães de Areia.
Além da destreza como franco atirador, Volta Seca mantinha boa relação com a habilidade de compor. São dele as famosas músicas do cangaço Acorda Maria Bonita e Mulher Rendeira, por exemplo.
Proposta da peça teatral
Quando a estrada finalmente chegou ao sertão brasileiro, um tipo de levante armado e popular estava fadado a desaparecer. Depois da morte de Lampião e Maria Bonita na gruta do Angico (SE) e do fim da resistência de Corisco e Dadá, vencidos em Jeremoabo (BA), o cangaço morreria de morte natural nos anos 40. Alguns homens, poucos, sobreviveram para contar a história. Dentre eles, a figura frágil e perplexa de Volta Seca, cabra de confiança de Virgulino Ferreira da Silva, o rei do cangaço.
Estes fatos históricos foram transformados em cena na peça teatral O cangaceiro Volta Seca, escrita e interpretada pelo ator e dramaturgo Edmar Dias.
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